Em 1996, integrando a programação comemorativa aos 450 anos da cidade de Santos, a Prefeitura inaugurou no muro junto à entrada principal do Outeiro de Santa Catarina, um painel criado pelo artista plástico santista Mário Gruber, em homenagem ao escritor, dramaturgo e poeta Clay Gama de Carvalho.
Durante o período da ditadura militar no Brasil, Clay havia se recolhido ao anonimato por conta da apreensão do manuscrito de sua obra "Literatura Americana no Exílio". Feito em grés preto e branco, e ocupando uma área de 230 metros quadrados (
48 metros de extensão e 4,8 metros de altura), o painel foi produzido artesanalmente com 1.452 azulejos decorados. Em cada um deles, desenhos de rostos estilizados de variados tamanhos.
Como forma de homenagear Clay Gama de Carvalho, Gruber utilizou a simbologia pretendendo duas leituras do painel: no geral, visto de longe, o trabalho tem aparência abstrata. Porém, à medida que as pessoas se aproximam e observam-no mais de perto, reconhecem que os "borrões" são, na verdade, rostos. Daí se percebe que é composto por figuras humanas. Segundo o artista isto significa o reconhecimento de alguém amigo dentro de uma multidão anônima. "A denúncia do personagem desconhecido como forma de homenagem a Clay Gama de Carvalho".
A mesma arte foi exposta em um painel da Biblioteca do Memorial da América Latina e também em uma exposição da Organização das Nações Unidas (ONU), pela democratização da África do Sul.