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DOCUMENTÁRIO RETRATA A IMPORTÂNCIA DA FERROVIA SANTOS-JUNDIAÍ
“Transformação sensível – Neblina sobre Trilhos”, documentário produzido por alunos e professores da UFABC (Universidade Federal do ABC) e da Fundação Santo André, com a colaboração da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), será exibido no dia 30/08 (quinta-feira), às 14h30 horas, na Sala de Leitura Catarina de Aguillar, no térreo do Outeiro de Santa Catarina (Rua Visconde do Rio Branco, 48, Centro Histórico). A entrada é gratuita.
O curta retrata a implantação e desenvolvimento da São Paulo Railway, primeira via férrea da região paulista durante a década de 1860, e destaca a importância da Vila de Paranapiacaba nesta época. O documentário foi feito a partir de narrativas de antigos ferroviários e documentações diversas disponíveis.
O foco do trabalho se dá a partir da Vila Ferroviária de Paranapiacaba, importante sítio ferroviário localizado no município de Santo André, que foi o centro administrativo da ferrovia durante a sua construção na década de 1860 e durante o seu primeiro período de operações. Esta Vila, já tombada pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, passa por um processo de revitalização e de restauração desde o ano de 2001, após ser “praticamente abandonada”, no período de 1998 a 2001, durante o processo de concessão da ferrovia do Governo Federal para a iniciativa privada (RMS) pelo período de trinta anos.
"Neblina sobre trilhos" vai além do registro histórico e mostra, também, o descaso com a preservação da estrada de ferro, como uma das contradições do processo de formação e dos modelos de desenvolvimento do Brasil, onde o passado fica à parte do progresso. O documentário teve a orientação dos docentes da UFABC, Ana Maria Dietrich e Claudio Camargo Penteado e do professor Odair de Sá Garcia, do Centro Universitário Fundação Santo André.
Sobre a Vila de Paranapiacaba
O nome Paranapiacaba vem do tupi: “de onde se vê o mar”. É uma “vila ferroviária”, com cerca de 300 casas de madeira, estilo inglês, criada em 1860, com algumas bem preservadas, e se localiza no município de Santo André, SP, a 30 Km do centro da cidade. Em 1856 foi concedida a construção da ferrovia SPR (depois denominada Santos-Jundiaí) pelo Governo Imperial brasileiro ao Barão de Mauá, visando escoar a produção de café do interior da província de São Paulo, em grande expansão, até o porto de Santos, para exportação. Este transporte era feito antes por mulas, de forma insuficiente à demanda internacional por café. A necessária vinda de engenheiros ingleses para a efetivação do projeto ferroviário e sua bagagem teve grande impacto para a construção da Vila.
Trata-se de patrimônio histórico cultural (Condephaat e Iphan), e candidata a patrimônio pela UNESCO, tanto como território urbano ferroviário, peculiar, como pela sua importância, como centro de operações da primeira grande ferrovia brasileira, com o desafio de vencer os cerca de 700 metros de altitude entre a Vila e a cidade de Santos SP, usando para isso um inédito sistema de engenharia (Sistema Funicular – por meio de cabos de aço compensando a subida com a descida dos trens). A ferrovia funcionou com concessão para os ingleses até 1946, quando é incorporada pela União. A partir do final da década de 1990 esta ferrovia, após ser privatizada para a RSM por 30 anos, interrompe o transporte de passageiros, mas mantem um intenso transporte de carga. Com o processo de crise instalada com esta privatização da ferrovia, e “abandono” da vila pela empresa concessionária, a mesma é comprada pela Prefeitura de Santo André, em 2002, e hoje é importante território turístico e Cultural da região, atraindo turistas nacionais e internacionais em diversos eventos ao longo do ano, em especial o festival de inverno, no mês de julho.