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Migrante oferece à FAMS objetos da história nordestina
Um candeeiro; um cachimbo de argila – material conhecido como ‘barro de louça’ pelos cearenses –; um sabão em barra, cortado à medida das necessidades; uma placa, chamada ‘laje’, encontrada sob o solo, com um desenho natural semelhante a um tronco de árvore, e um tipo de chaleira denominada ‘marmita’.
Foram essas lembranças, trazidas há 38 anos de Santana do Cariri (Ceará), que Maria Lucy de Oliveira está colocando à disposição da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams). “Isso é precioso, parte de uma história e não gostaria que esse material se perdesse”, comentou, acrescentando ter procurado a Fams por confiar no trabalho que desenvolve, voltado para o resgate e preservação da memória local.
Antes de chegar a Santos, em 2000, Maria viveu em Pedro de Toledo (SP), onde chegou em busca de uma vida digna e sem a miséria provocada pela seca do Nordeste. Foi nessa cidade que constituiu família e onde o marido, depois de 10 anos realizando serviços gerais, empregou-se na Sabesp, trabalho no qual se acidentou, vindo a falecer.
“Não consegui conviver com tantas lembranças”, confidenciou, emocionada. Bem que ela gostaria de ter voltado à cidade onde nasceu, há 60 anos: “Se chovesse no Nordeste, lá seria o melhor lugar para se viver”, garante, perdida nas lembranças de sua última visita a Santana do Cariri, mês passado, depois de nove anos longe de sua terra natal.
Do Ceará, Maria e a filha Noêmia trouxeram peças, que guardam até hoje como relíquia, pois representam a cultura nordestina. Peças que ela não quer ver perdidas no tempo, com receio de que as pessoas nunca cheguem a conhecer um pouco da história de uma parte do Brasil. As peças estão sob avaliação da Fams, para inserção em seu acervo ou encaminhamento a instituições que possam conservar elementos da cultura nordestina, base da formação da comunidade da Zona Noroeste.
__16-02-06__